Chorei pela primeira vez há quarenta anos, numa cidade da periferia de Barcelona.
Passado algum tempo esqueci-me de como se chorava e como se falava. Do que me lembrava era de como se desenhava, de modo que desenhava as palavras que não me saíam e as lágrimas e os gritos que tinha engolido. E também sóis, bruxas, casas, princesas e macacos.
Isso foi há muito tempo e agora só me esqueço de falar às vezes e aprendi a chorar de muitas maneiras diferentes. Até inventei algumas novas como, por exemplo, a fazer o pino.
Um dia, descobri que podia ir a uma escola para aprender a ser ilustradora e atirei-me de cabeça. Acho que era uma escola mágica.
Continuo, portanto, a desenhar e agora também o faço para ganhar a vida.
Comecei por desenhar padrões para estampar em tecidos, mas agora o que mais faço é ilustrar contos e, às vezes, até me atrevo a escrevê-los.
Também desenho para chorar, quando as lágrimas não me saem, ou para falar, quando não encontro as palavras. Muitíssimas vezes faço-o para brincar.
Gosto imenso quando a casa se inunda e é preciso improvisar barcos com os móveis.
(biografia de PORQUE CHORAMOS?)
Nasci em 1978 numa cidade chamada Terrassa, na periferia de Barcelona.
Tenho sorte de me dedicar a ilustrar e a escrever histórias há bastantes anos.
O que pouca gente sabe é que também sou uma grande colecionadora de medos. Tenho um medo vermelho e brilhante como o sangue fresco; outro é grande, escuro e viscoso; também tenho um tão pequeno como um grão de arroz e outro que sabe assobiar. Uma vez tive um medo que era parecido comigo, mas com os olhos maiores. Também tive um medo em forma de ovo preto, pesado e frágil, como o que desenhei neste conto.
Desenhar quase nunca me dá medo e é das coisas de que mais gosto no mundo. Outras coisas de que gosto são bosques, partilhar histórias, a minha filha Ariadna, javalis e quando consigo fazer algo, mesmo que me assuste.
Se pudesse, passaria a vida na água.
(biografia de PORQUE TEMOS MEDO?)
Nasci há 44 anos em Terrassa, perto de Barcelona.
Quando me perguntam o que faço, conto que me dedico a ilustrar livros desde 2013, também escrevi alguns deles, cuido da minha filha Ariadna, tento inventar coisas, divertir-me com as minhas amigas, passar tempo na natureza e sonhar muito e bem.
Se me perguntarem por aquilo que não faço, diria que a parte de mim que é parecida com o Colibri teria gostado de ser guitarrista punk, bailarina, detetive, realizadora de cinema, guionista, veterinária, rã ou javali.
Mas a parte de mim que é como a Verbena leva-me a ficar aqui, a observar e a desfrutar da sorte de trabalhar fazendo livros, que podem ser sobre uma guitarrista punk, uma bailarina, uma detetive, uma realizadora de cinema, uma guionista, uma veterinária, uma rã ou um javali, entre outras coisas.
(biografia de VERBENA E COLIBRÍ)