Este outono, a AKIARA publica três álbuns ilustrados de autoria feminina e integralmente ilustrados à mão: um livro sem palavras ambientado no outono; um álbum que convoca os contos tradicionais, o trabalho manual e a transmissão intergeracional através das mulheres, e outro álbum que ajuda a refletir sobre uma parentalidade demasiado protetora ou que dá liberdade para crescer.
Vamos ao bosque é o quarto e último título da coleção «AKIMIRA: jogos sem palavras», da mesma ilustradora e com o mesmo grupo de amigos: sete crianças que brincam livremente, em plena natureza e sem a intervenção de adultos.
Se Brincamos às escondidas tinha lugar num bosque, na primavera; Vamos à praia decorria no verão e Brincamos na neve se passava durante uma manhã de inverno em que tinha nevado, Vamos ao bosque descreve um esplêndido dia de outono em que sete amigos entram no bosque para brincar, subir às árvores, apanhar castanhas ou cogumelos e sujarem-se nos charcos depois da chuva.
Um livro sem palavras, mas com um guião bem definido, para que sejam os mais pequenos a descobrir a história, permitindo-lhes participar mais ativamente nela.
As ilustrações da designer e ilustradora valenciana Verónica Fabregat, feitas integralmente a lápis de cor, refletem os tons cálidos desta estação tão especial, a mais trabalhada nas escolas.
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Pequena, Mãe, Avó é o primeiro álbum em conjunto das irmãs Sender — Ana Sender e María Sender —, como recordação e homenagem à sua avó. Mas é também uma ode à tradição oral, ao trabalho manual e à transmissão de geração em geração por parte das mulheres, que mantém viva a sabedoria popular.
A Avó canta histórias, conta canções. Os seus dedos são como ramos que dançam e tecem as personagens dos seus contos, que vão ficando entrançadas na colcha. A Avó diz à neta que conte sempre, enquanto faz croché: «Um, dois, três, Pequena, Mãe, Avó. Um, dois, três, as três que somos todas juntas.»
O texto de María Sender está cheio de referências aos contos populares, e trata a velhice e a morte com naturalidade. As ilustrações de Ana Sender — que na AKIARA já tinha publicado Porque choramos?, Porque temos medo? e Verbena e Colibri, traduzidos a 12 linguas — foram realizadas de forma totalmente analógica com tintas acrílicas, que por vezes simulam a textura do croché.
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Erva daninha é um belíssimo álbum ilustrado das autoras chilenas Ángeles Quinteros e Karina Cocq (esta última residente, há muitos anos, em Barcelona).
Uma história sobre ervas daninhas que germinam no jardim de uma casa; sobre uma menina que se atreveu a quebrar as regras, decidiu sair e aprendeu a observar e a identificar cada planta pelas suas propriedades… e sobre um pai que percebeu que nenhuma delas precisava de autorização para florescer.
Através desta história aparentemente simples, podem abordar-se temas como sobreproteção ou liberdade, resignação ou coragem, obediência ou necessidade de descobrir o próprio caminho.
As ilustrações de Karina Cocq são muito ternas e oníricas, feitas de forma inteiramente analógica, utilizando pastel seco. No final do livro, há um texto de Ángeles Quinteros em que a autora partilha alguns remédios naturais preparados com plantas medicinais e reflete sobre a nossa relação com a natureza.