Dois livros da Akiara premiados pelo Banco do Livro da Venezuela

O Banco del Libro venezuelano recomenda, todos os anos, os melhores livros para crianças e jovens editados em língua espanhola. Este ano, na XLIV edição, o seu comité de especialistas escolheu dois livros publicados pela AKIARA: UM MENINO NA PRAIA e OBRIGADOS A PARTIR. O veredicto foi conhecido no passado dia 18 de julho, num direto emitido a partir de Caracas, e as recensões críticas foram publicadas alguns dias depois.

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UM MENINO NA PRAIA, um álbum concebido na íntegra por Luciano Lozano, autor do texto e das ilustrações, foi um dos 7 vencedores na categoria Infantil – Originais. Eis o comentário do júri sobre este livro:

“Um livro delicado que conta, com singeleza e proximidade, a história de um encontro e os ecos que dele continuam a ressoar ao longo da vida das suas personagens.

Um elogio à amizade, a esses momentos mínimos partilhados ao abrigo da cumplicidade; uma explanação sobre o sentimento de não pertencer ao lugar desejado, de não se cumprirem as expectativas de um dever ser; uma indagação em torno da beleza como fonte de sentido com a qual convivemos permanentemente.

Um menino na praia oferece-se como um saboroso passeio por uma aldeia de pescadores em que as tradições e a estética de uma vida de certa forma tradicional são tocadas lucidamente pelo contacto com a cultura japonesa, sendo as diferenças e semelhanças expostas através da brincadeira e do intercâmbio constante.

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Também o nosso OBRIGADOS A PARTIR, de Laia de Ahumada e Cinta Fosch, foi um dos vencedores na categoria Informativos – Originais:

“Desde o primeiro contacto com este livro, a textura do papel, o desenho da capa e algumas características das suas ilustrações – que poderíamos definir como um tanto étnicas – começam a dizer-nos que as imagens que acompanham os testemunhos dos migrantes também têm muito a dizer.

E assim é: convidam-nos a refletir enchendo os espaços que dentro do texto ficam em branco, dando novos significados ao que cada protagonista contou.

Por fim, convidam-nos a ser empáticos, a ver com outros olhos a migração, os seus diferentes motivos, formas e riscos.

Manter o registo da oralidade dos relatos foi um desafio bem conseguido por parte da autora, pelo que ao lê-lo adivinhamos a emoção de cada protagonista ao rememorar a sua história, ao voltar atrás no tempo.

O facto de o livro contar com igual número de relatos de mulheres e homens é outro valor agregado, porque ao lermos mulheres a falar sobre si mesmas de imediato nos identificamos com os seus sentimentos e medos, mas nem sempre imaginamos o que significa para um homem, especialmente em certas culturas, ser forçado pelas circunstâncias a deixar para trás uma mulher, seja ela mãe, esposa ou filha.

Todo o livro é um convite a que as crianças e os jovens reconheçam a importância de um problema global que não é novo, mas que cada vez nos compromete mais a todos.”

Este prémio é também um reconhecimento a todas as pessoas que se viram “obrigadas a partir”. Obrigado por lhes darem visibilidade!