A AKIARA enfrenta o outono com poesia

Neste setembro a AKIARA publica dois novos livros de poesia na coleção AKIPOETA, uma coleção de aspeto artesanal impressa localmente e que respeita os critérios da ecoedição. Com encadernação com costura exposta, textos cuidados e ilustrações cheias de beleza e pormenores, estes livros despertam nas crianças a capacidade de se espantarem diante da natureza e prestarem atenção ao instante presente.

 

UMA QUINTA é um livro de poemas em verso livre, recordações de infância do escritor e geólogo Alex Nogués numa quinta da Catalunha, juntamente com os irmãos, os pais, os primos e os tios. Um lugar simples que lhes dava acesso direto ao bosque e ao suceder das estações do ano, e horas lentas para sonhar aventuras.

O livro é composto por pequenos episódios que dão nome e protagonismo aos animais, ao mesmo tempo que ensinam muitas particularidades da fauna, flora e vida no campo. O autor defende que apenas conhecendo os animais, chamando-os pelo seu nome, poderemos cumprimentá-los e afeiçoarmo-nos.

As ilustrações de Alba Azaola combinam um estilo científico, cheio de detalhes a lápis, com um estilo livre em aguarela, cheio de cor e expressividade. Formada em biologia e oceanografia, Azaola especializou-se posteriormente em ilustração científica, de maneira que todas as espécies animais ou vegetais estão desenhadas rigorosamente, para que possamos aprender com os pormenores.

«Nós tivemos muita sorte: vivemos a nossa infância num tempo sem pressas e tivemos pais que nos amavam. As máquinas ainda não tinham invadido por completo o nosso lazer. O nosso sentido de conforto não requeria informação constante. A vida estava no centro.» ALEX NOGUÉS

 

TEMPO DE HAIKUS é o primeiro livro do escritor J. N. Santaeulàlia pensado especialmente para os mais pequenos. Grande conhecedor deste estilo de poesia originário do Japão, de apenas três versos curtos e uma métrica precisa, o autor sabe contextualizá-lo na nossa cultura e nas nossas paisagens, sem que percam o carácter efémero de descrever um instante com todos os sentidos.

Os haikus (alguns dos quais tinham sido publicados no livro La llum dins l’aigua) estão agrupados segundo as quatro estações (com início no outono), de maneira que recriam um percurso pelas cores e sensações de um ano inteiro.

Pelo tamanho reduzido dos versos e ausência de rima ou figuras de estilo, os haikus são uma poesia muito próxima das crianças. O autor, que costuma dar cursos para ensinar a escrever haikus, explica muito bem tudo isto no final do livro, onde convida cada leitor a criar os seus próprios haikus.

As ilustrações de Luciano Lozano, de traço preto grosso e grandes manchas de cor, captam o momento e permitem leituras novas, plenas de poesia.

«Um haiku é uma espécie de fotografia feita com palavras: a poesia de um instante. Um haiku não se escreve. Ocorre, como um flash. Basta pegar num lápis ou numa caneta e registar esse momento numa folha, antes que se escape. Se quiseres caçar um haiku, passeia pelo mundo com os sentidos bem despertos e a mente livre, sem distrações nem preocupações.» J. N. SANTAEULÀLIA