O livro de entrevistas OBRIGADOS A PARTIR, escrito por Laia de Ahumada e ilustrado por Cinta Fosch, já chegou às livrarias. Reúne seis testemunhos de jovens migrantes que atualmente vivem em Espanha (vindos da Síria, Senegal, Marrocos, Bolívia e El Salvador). São histórias de superação, mas também de dor, solidão, acolhimento e integração. Histórias que, apesar de tudo, acabam bem, porque alguém (pessoas ou entidades) se empenhou para que assim fosse.
A AKIARA acaba de publicar um livro sobre relatos de migração, ilustrados e dirigidos a um público que inclui adolescentes, jovens e adultos. Trata-se do primeiro título da nova coleção «AKIVIDA: histórias para transformar o olhar», pensada para mostrar situações da vida real que contrastam com aquilo a que estamos habituados e enriquecem a nossa perspetiva sobre o mundo.
Obrigados a partir é um livro de entrevistas que nos sensibiliza sobre o tema da migração dando voz a seis jovens de diferentes proveniências, que vivem atualmente na Catalunha. O SOLY veio do Senegal. A HELENA deixou a Bolívia. O SAID teve de fugir da Síria. A RUTH nasceu em El Salvador. A MERIEM foi-se embora de Marrocos, tal como o OSSAMA. O que entrelaça as suas histórias é que todos eles se viram obrigados a partir.
Com este livro queremos mostrar seis trajetórias cheias de dificuldades e desafios. Três mulheres e três homens que tiveram de emigrar contam-nos como era a sua vida antes; porquê e como se foram embora e como é atualmente a sua vida num novo país onde não conheciam ninguém. Os testemunhos que apresentamos incitam-nos a um novo olhar, a dar um nome e um rosto à experiência de tantas, tantas pessoas que se veem forçadas a arriscar a vida em busca de um futuro mais digno.
Cada história é narrada pelo seu protagonista na primeira pessoa, num registo de proximidade e espontaneidade, conservando a oralidade do discurso. As ilustrações, muito fortes e de carácter metafórico, representam o retrato simbólico de cada entrevistado (como se se tratasse de um mosaico, com as principais cenas da sua vida), o caminho que tiveram de percorrer para chegar à Europa (através de um mapa muito visual) e outros aspetos dos seus complexos itinerários de vida.
Assim, o livro confronta-nos com um imenso rol de situações: pobreza e falta de horizontes, viagens por mar em embarcações precárias («pateras»), campos de refugiados, guerra e asilo político, maus-tratos, bullying, reclusão e discriminação, burocracia e falta de documentos, acolhimento e esperança. Em muitos casos, os entrevistados estiveram à beira da morte durante o seu périplo.
É inspirador constatar como o tecido social foi eficiente: as palavras dos seis entrevistados refletem um grande agradecimento a entidades de apoio social como a Open Arms, Cáritas, a Fundação Migra Studium, a Casa de Retiro da Fundação da Esperança, a Fundação Bayt al-Thaqafa, a Cooperativa L’Olivera, o Espaço Cooppolis ou o Open Cultural Center. Graças a estas organizações e às famílias de acolhimento, estes jovens puderam sentir-se acompanhados e integrados na sociedade, com a qual agora colaboram e para a qual contribuem através de um trabalho digno.
Este é o primeiro volume da coleção «AKIVIDA: histórias para transformar o olhar». Está previsto que o segundo volume, assinado pela mesma dupla de autora e ilustradora, se dedique a testemunhos de gente que vive na rua (sem-abrigo) e o terceiro incida sobre pessoas que abandonaram a cidade para viverem isoladas no meio da natureza.
Através de um link incluído neste livro, é possível aceder a uma ficha de trabalho, disponível para descarregamento gratuito, para continuar a aprofundar o tema nas escolas. Esta ficha (uma folha A4 impressa de ambos os lados, para dobrar ao meio) coloca uma série de perguntas, que se dividem em 4 secções: «Análise textual», «Análise gráfica», «A nossa realidade» e «E se isto me acontecesse a mim?…» Em seguida, propõe alguns exercícios práticos: desenhar «O teu retrato simbólico», elaborar «O teu mapa de vida» ou escrever «Um diário». Estamos convictos de que este material pode ser de grande utilidade, uma vez que ajuda a refletir em profundidade e a relacionar o conteúdo do livro com a realidade social que se vive nos dias de hoje.